quinta-feira, 13 de março de 2008

Mensagem do Senhor Arcebispo Primaz


A Páscoa da Esperança

A Igreja assumiu, como tarefa prioritária em tempos de perplexidades e medos, o encargo de anunciar o Evangelho da Esperança. Esperar significa acreditar que é possível alterar o ritmo dos acontecimentos e, em simultâneo, empenhar-se para que a justiça e dignidade humana encontrem espaço nas preocupações e projectos da sociedade.

A Páscoa, anunciando a passagem da morte para a vida, é exigência de apressar a civilização do amor como a única estrada capaz de proporcionar alegria e felicidade. Para isso, necessitamos de colocar no sepulcro o individualismo, o egoísmo, os interesses pessoais, o hedonismo, a avidez pelo lucro, a tentação da corrupção, a mentira que explora e oprime os mais pobres. Estes e outros hábitos devem deixar-se transformar e ressurgir como comportamentos de solidariedade activa e fraternidade verdadeira.


- Olho para os pobres e quero oferecer-lhes esperança através dum contributo, por direito e não mera caridade, do mínimo para viver dignamente;

- Olho para os desempregados e quero oferecer-lhes esperança através duma alteração dos critérios económicos e duma aposta em criar trabalho com salário justo e de índole familiar;

- Olho para os doentes e quero oferecer-lhes esperança através duma solicitude mais consciente dos profissionais da saúde, da ternura de quem acompanha e de políticas novas que tranquilizem e facilitem a recuperação da saúde;

- Olho para o mundo da educação e quero oferecer-lhes esperança através de educadores sacrificados e generosos que são acompanhados nos seus trabalhos por um estatuto que os dignifique e responsabilize;

- Olho para as condições de vida de todos os portugueses e quero oferecer-lhes esperança acreditando nos políticos que olham por todos sem partidarismos ou preferências pessoais.

A Páscoa volta a dizer que é possível esperar desde que não se adiem as soluções. Acredito que ainda será possível cantar “aleluias” pela dignidade da vida toda e de todos. Apesar das sombras, continuo a acreditar que a Páscoa raiará para todos.

Páscoa de 2008

+ D. Jorge Ortiga, A.P.

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